Recentemente vieram a público declarações de teor misógino em relação à política, proferidas pelo líder de El Salvador, durante uma entrevista concedida ano passado, 2016, a um repórter deste mesmo jornal
Nas recentes sessões do SoCHum a representação de El Salvador tem demonstrado uma postura pró- direitos das mulheres, o que caracteriza uma contradição em relação a política externa do país, a sua realidade social e as opiniões expressas pelo seu governante.
Este país encontra-se na lista mundial dos países mais mortais para as mulheres, e encontra-se em primeiro lugar no ranking latino-americano. Estupros são parte constante da rotina das salvadorenhas, em 2016, 524 mulheres foram vítimas de feminicídio, mas esse número subestima a extensão do massacre. Somente os corpos que são levados para necrotérios são contados, não aqueles encontrados desmembrados em despejos clandestinos.
Segundo estatísticas, três a cada quatro atos de violência sexual acontecem dentro da casa das vítimas, seja por seus maridos, país, tios, vizinhos ou conhecidos A situação de violência sexual envolvendo menores de idade também é preocupante: sete em cada dez vítimas são menores de 20 anos. Além disso, em caso de gravidez, as mulheres possuem menos aparatos legais: o aborto é considerado ilegal mesmo em caso de estupros ou quando a mãe corre risco de vida, sendo passível de 30 anos de prisão.
El Salvador além de ser um dos países mais violentos do mundo, é um dos piores lugares para a vivencia de mulheres. Uma das realidades mais cruéis do país é a constante prisão de mulheres que sofreram aborto espontâneo, as mulheres chegam a ser condenadas até mesmo a 30 anos. A realidade chocante está sendo cada vez mais noticiada, assim como podemos perceber no vídeo divulgado pelo jornal The Guardian.
Um dos casos que mais chocou a sociedade civil, foi a recente prisão de uma salvadorenha, Santana Gonzáles que foi detida após ter um aborto espontâneo a caminho do hospital e na chegada ao Hospital Materno de San Salvador foi abordada pela polícia, que aguardou enquanto recebia atendimento sob regime de prisão declarado. Esses são somente um dos alarmantes casos de prisão por aborto espontâneo que ocorrem no país, que são enquadrados pelas autoridades como tentativas de assassinato, tendo penas de acordo com essa tipificação.
Um país com esta postura ambígua em relação as questões referentes aos direitos das mulheres, merece ter a garantia de representatividade nas discussões propostas pelo SOCHUM?