O homem que, há menos de 4 meses, criticava o posicionamento de Bill Clinton e Al Gore – seus rivais na campanha pelas eleições presidenciais dos Estados Unidos deste ano – quanto à Bósnia e Herzegovina agora dá as caras e mostra não ser diferente deles. Quando o país que deveria ser o principal opositor ao imperialismo estadunidense mostra-se conivente com esse, não há como acreditar que o Conselho de Segurança tomará as melhores decisões para a construção de um futuro de paz.
A administração George H. W. Bush, no dia 28 de julho deste ano – conforme a matéria do New York Times – fez ataques diretos à vontade exposta de Bill Clinton em obter autorização do Conselho de Segurança para realizar ataques aéreos na Bósnia e Herzegovina. Para o presidente derrotado nas eleições deste ano, a atitude seria “imprudente” e os EUA precisavam de uma “real liderança” nos assuntos internacionais.
Em reunião do Conselho de Segurança na manhã de hoje (16/11/1992), o governo Bush mostrou sua face extremamente contraditória ao sugerir o uso das forças da OTAN na resolução do conflito da Bósnia e Herzegovina. Com isso, os Estados Unidos põem em risco as vidas de soldados da organização – incluindo os próprios estadunidenses – com o claro objetivo de expandir sua influência em um Leste Europeu desestabilizado com a queda da Iugoslávia.
Após essa sugestão, quando a Rússia utilizou de seu direito de fala, esperava-se uma crítica ao projeto imperialista estadunidense. A reação dos delegados russos, contudo, foi de não somente aceitar a proposta dos EUA, mas também disponibilizar o próprio exército da Rússia para cooperar com a OTAN.
Mesmo com a entrada da Rússia e de outras ex-repúblicas da União Soviética no Conselho de Cooperação do Atlântico Norte no ano passado e neste ano, a atitude mostrada pela delegação russa no Conselho de Segurança hoje é totalmente sem precedentes. Cooperar ativamente com o projeto imperialista norte-americano é incentivar a constituição de uma hegemonia estadunidense – especialmente com a eleição de Bill Clinton para a presidência.
Como confiar em um Conselho de Segurança que compactua com imperialismo?
